CRP11

CRP-11 publica Nota sobre o #exposedcariri, junto a Frente de Mulheres do Cariri, OAB Crato e outras entidades

É assustador ver o número de mulheres que passaram por situações de abusos e outras violências aqui na região do Cariri. 

É lamentável perceber que o “Cariri Encantado” carrega índices alarmantes de violência doméstica, feminicídio, estupro e abusos sexuais diversos. Nós lamentamos por estas mulheres que relataram situações tão distintas de violência e podemos imaginar como demandou coragem para expor esses casos abertamente.

Vivemos em uma sociedade em que mulheres são silenciadas de todas as formas! E, no momento em que conseguem falar, são desacreditadas quando denunciam seus agressores!  
Boa parte das mulheres, ao denunciar as violências que sofrem, são assassinadas, mesmo carregando uma medida protetiva no bolso. A violência contra a mulher mata e mata muito.  

As redes sociais têm se mostrado como mecanismo importante para o combate ao machismo. No entanto, carrega também pontos negativos em relação à exposição das mulheres quando essas se colocam de forma individual para fazer denúncias. Por isso a importância de agirmos em grupos, juntas somos mais fortes! Estamos aqui cuidando umas das outras. Pedimos cautela em relação a sua segurança, por isso indicamos que procurem as ferramentas legais para denúncias e também o apoio de grupos/movimentos de mulheres organizadas para tratarmos de forma mais protegida dessas questões que estão sendo levantas. A Frente de Mulheres dos Movimentos do Cariri se coloca à disposição para acolher todas as mulheres que sofreram violências desses homens que foram listados, bem como convidamos a todas as mulheres a se juntarem conosco ao combate ao machismo, que é uma luta cotidiana e árdua. 

  
Pensamos na escrita dessa nota considerando uma questão que é primordial para nós mulheres: nossa segurança! Precisamos continuar vivas e ativas para eliminarmos de vez esse mal que é estrutural, o patriarcado. 

Consideramos que é positivo que as mulheres estejam cada vez mais tomando dimensão das consequências do machismo nas suas vidas. E consideramos também importante pautarmos algumas questões, que é a nossa segurança diante das exposições. Outra questão importante é que, ainda que não se mostrando com total eficiência o sistema governamental e jurídico de combate às violências contra as mulheres, são os aparelho que nós temos acesso, e precisamos utilizá-los, e, ao mesmo tempo, lutar para que esses aparelhos se tornem ainda mais acessíveis para todas as mulheres, principalmente para as mulheres negras, que se encontram nos maiores índices de violências contra as mulheres no Brasil. 

́Outra questão debatida pela Frente de Mulheres, transcende a visão meramente punitivista. Punimos muito e mal, o punitivismo, como método de diminuir violência, nos parece insuficiente. As sanções impostas aos agressores, de fato, têm que ser mantidas, mas a prioridade deve ser a educação que questiona papeis, voltada para mulheres e homens. As mulheres devem via educação perceber que têm direitos e que podem lutar por eles, os homens devem ser questionados sobre os papeis que desempenham e o quanto essa perversa construção do masculino é perigosa para uma sociedade justa.